Cartas para meu filho - Ep 1 - Sobre aquilo que realmente importa

Amado filho, esta é sua carta número 1.

Vamos falar sobre O que realmente importa na vida.

Você perceberá ao longo dessa série de cartas que o assunto principal deste espaço está relacionado ao dinheiro e ao seu impacto em diversas facetas da sua vida.

De antemão, tenha em mente: ele, O DINHEIRO, não faz parte das coisas que realmente importam.  Contudo, impossível ignorar, a presença do dinheiro é transversal nos assuntos de fato importantes. Quer ter saúde? Não será de graça. Quer constituir família, ajudar pessoas, viajar? Você precisará de grana.

Bem, antes de começar a falar de DINHEIRO, a gente precisa acertar o compasso e estabelecer algumas premissas, já brevemente abordadas:

Premissa 1. Dinheiro é meio.


Statement: Quase todas as atividades da vida adulta estão permeadas por aspectos financeiros, mas nenhuma delas tem o dinheiro como fim em si mesmo.

Um chefe que tive sintetizava esta questão de uma forma bastante crua e eficiente: um monte de dinheiro é só um monte de papel. O que interessa é o que você faz com ele.

Em primeira análise, é uma redução bastante perigosa para um temas complexo como finanças pessoais e estilo de vida, mas ela tem sim o seu valor. Perceba: ganhar, investir, gerir e aumentar o dinheiro é uma mistura de disciplina, tempo, arte, ciência e sorte que certamente consome uma parte significativa da nossa vida adulta.

De que adianta todo esse esforço, as horas dedicadas ao longo da vida se ao fim disso tudo seu resultado for apenas um bando de números e gráficos numa planilha? Se ao parar para analisar cada etapa da sua existência você não tiver certeza de que usufruiu de tudo da melhor maneira possível?

Não falo apenas da morte biológica. Você perceberá que a gente "morre" diversas vezes na vida. Veja: se você não aproveitar seus amigos "da rua", seus colegas de escola e seus primos até, digamos, os 15 anos, você não fará mais isso. Você terá morrido para essa importante e divertidíssima etapa.

Experimente não viajar, acampar, curtir os primeiros tons de liberdade até os 20, 25 anos... provavelmente você terá uma carga de responsabilidades depois disso que te ceifarão ao menos parte dessas oportunidades.

De forma análoga, quem não pratica um esporte que ame até que a saúde física o impeça de praticá-lo, que não tenha seus filhos enquanto a natureza permite, que não comece a poupar enquanto a vida ainda é produtiva, jamais viverá toda a intensidade dessas experiências na sua completude.

Existe um conceito filosófico representado pela frase "Memento Mori" (lembre-se da morte). Em rápidas palavras, o objetivo é lembrar ao homem que sua linha no tempo é finita. Pesquise a respeito, é um conceito fascinante.  Então... Memento Mori para cada uma das pequenas mortes não biológicas que eu citei a cima.

Dito isso, peço que se lembre: nenhum valor financeiro, percentual de retorno, oportunidade de negócio ou outro tecnicismo qualquer tem mais importância que VIVER. Seize the day, Carpe Diem, Aproveite o dia. Sempre aqui e agora.

Conhecimento sem ação não é nada. A Atitude de Valor que te peço para adotar, referente a esse tópico é:

Escolha o que é uma boa vida para você e vá atrás dela. VIVA BEM!  Essa é a missão da Independência financeira e a missão é o farol. Só olhe para o farol. Todos os ruídos que te afastarem desse caminho devem ser  sumariamente ignorados.

Premissa 2.  Preço é referência monetária, Valor é o atendimento de uma necessidade.

Statement: Preço é o que se paga, valor é o que se leva. As coisas de real valor normalmente não têm preço.

Olhe para o farol todos os dias da sua vida. Pela manhã, gaste alguns minutos refletindo sobre a sua vida ideal, sobre o que você deve realizar no seu momento atual e como se preparar para realizar aquilo que será importante no futuro.

Essa direção geral é de suma importância para que você consiga concentrar seus esforços em busca desses Valores, ou seja, focar suas energias para atender às suas necessidades (sejam elas mais basais ou mais elaboradas).

Sêneca afirmava que "para quem não sabe onde quer chegar, qualquer vento basta". Onde se quer chegar aqui representa o que você arbitrar como sendo uma VIDA BOA, enquanto os ventos representam os seus ESFORÇOS.

A Vida boa é subjetiva, meu filho. Será sua a obrigação e o prazer de definir o que te faz bem e, muito mais difícil que isso, identificar o que de fato de agrada daquilo que as máquinas profissionais de marketing introjetam na sua percepção de mundo. Os conselhos aqui são muito genéricos e certamente demandam outro post.

Já os esforços obedecem a leis mais objetivas. A quantidade de energia de que dispomos nessa vida é limitada pelo tempo, pela nossa saúde e por algumas outras variáveis ambientais. Parte disso você controla, parte não.  Concentre-se no fato de que a energia é limitada e que isso nos obriga a buscar constantemente o "ótimo da curva" na relação esforço x resultado.

Conhecimento sem ação não é nada. A Atitude de Valor que te peço para adotar, referente a esse tópico é:

Sempre que você tiver uma decisão a sua frente, sopese a relação entre o preço e o valor. Seja inteligente nas suas percepções e saiba identificar se um dado esforço te conduz ou não na direção do farol, da BOA VIDA. Só pague o preço exigido se identificar valor nos resultados.

Por ora é só isso. Nos vemos em breve!

Seu Pai,

AdV

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